O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) pediu a internação pelo prazo máximo previsto em lei do adolescente de 17 anos acusado de matar o escrivão da Polícia Civil do estado (PCRS) Daniel Abreu Mendes (foto em destaque), 40.
Nessa segunda-feira (10/2), o MPRS apresentou as alegações finais do processo sobre o caso. Além do prazo máximo de internação, atualmente fixado em três anos, a acusação pediu à Justiça que o adolescente seja proibido de assumir atividades externas durante o cumprimento da medida socioeducativa.
O pedido foi assinado pelos promotores de Justiça Marcelo Fischer e Laura de Castro Silva Mendes. “Quem atira em policiais atenta contra o Estado Democrático de Direito. Casos como esse devem receber uma resposta contundente […]. O MPRS entende que deve ser aplicada a medida mais rigorosa da lei pelo tempo máximo”, argumentou Marcelo.
Para Laura, a repercussão do caso, que envolveu atos infracionais de extrema gravidade, ainda é e será lembrada. “E a atuação do MPRS perpassa a repressão da violência: trata-se de função pedagógica da cidadania evitar que esse e outros tantos adolescentes sejam cooptados pela criminalidade organizada”, destacou a promotora.
Veja imagens de Daniel:
Assassinato durante operação
O adolescente é acusado de atirar contra policiais civis, em 21 de janeiro último, na cidade de Butiá, na Região Carbonífera do Rio Grande do Sul. Na ocasião, a PCRS efetuava uma operação de combate ao tráfico de drogas na área.
Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em um imóvel, o adolescente atirou diversas vezes contra os investigadores. Ao menos dois dos disparos atingiram Daniel.
O escrivão chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O MPRS detalhou que o atirador usava uma pistola não registrada e modificada para disparar rajadas.
Drogas
Em um dos endereços visitados pelos policiais durante a operação, os investigadores encontraram duas armas, munição, coletes balísticos e grande quantidade de drogas com o adolescente e uma jovem de 26 anos que também era alvo da força-tarefa.
O adolescente foi apreendido, e a jovem, presa em flagrante. O mais novo, inclusive, havia sido apreendido duas vezes: uma pela morte de um jovem, em 2023; outra, no ano passado, por usar uma arma para ameaçar integrantes de um grupo rival.
Para o MPRS, o jovem deve responder por atos infracionais análogos a homicídio qualificado consumado, seis tentativas de assassinato, posse irregular e ilegal de armas de fogo e munição, além de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Homenagens ao policial civil
Natural do Distrito Federal, Daniel deixou a mulher e uma filha. “Minha vida, eu não sei o que será de mim sem você. Você nunca sabe quando vai ser o último ‘Eu te amo’… Que pesadelo”, lamentou a esposa do policial civil.
A filha dele também publicou uma mensagem nas mídias sociais: “Obrigada por tudo, meu herói. Nunca pensei em escrever um texto tão forte para um cara tão forte quanto o senhor. Eu não poderia mensurar em um texto o tanto que sinto por você. Não caberia aqui. Eu te amo para sempre. Descanse em paz. Vou te honrar para sempre”.
Também pelas redes, outros parentes, além de amigos e conhecidos de Daniel, lamentaram a morte do policial, descrito como um “herói e colega exemplar”. Além da PCRS, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), compartilhou uma nota de pesar.
Leia as notas na íntegra:
